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sábado, 19 de janeiro de 2013

Polisia



Depois de minha tentativa frustrada de assistir à Os Intocáveis, o que me restou foi Polissía. E que grata surpresa! Polissía é um filme que move. E cala.

Através dos depoimentos e histórias de seus personagens, somos convidados a acompanhar a rotina dos policias da Brigada de proteção ao Menor de Paris, no Departamento de Abusos Sexuais. Sempre que um filme traz essa temática de violência contra a mulher e à criança me causa enorme desconforto, talvez por isso na primeira meia hora de filme eu tenha ficado com a respiração presa. O assunto é tenso, mas o diretor Maïwenn soube dar uma leveza (?) impressionante a questões tão delicadas como pedofilia, prostituição e violência infanto-juvenil.

O filme também é uma crítica sobre a visão desumana que se faz dos policiais, que também amam, odeiam - e às vezes -envolvem-se demais em cada caso. Também aborda de maneira crua, o sexismo dentro da coorporação e a dificuldade que as policiais femininas têm, inclusive de interrogar homens acusados de abusar sexualmente de suas filhas e esposas.

Uma das frases mais fortes do longa, foi do personagem Fred, quando confessa que eles tentam resolver todos os casos, mas nem sempre dá. Isso traz a dimensão do quão complexo são os crimes contra a criança, pois a não-resolução de um caso, pode implicar na morte daquele menor.

Atuações vigorosas, por vezes enérgicas, Polissía consegue emocionar sem cair na pieguice. Tanto, que uma das cenas mais chocantes é a separação de um menor de sua mãe, que alega aos policiais não ter condiçõe de criá-lo. O grito daquela criança parecia conter uma dor que vinha da alma. Difícil de sustentar-se na cadeira vendo o desespero daquela separação. Tanto que minha colega sentada ao meu lado retirou-se da sala de projeção.

A atuação daquele pequeno ator foi tão convincente que por vezes me fez duvidar se ele estava de fato apenas atuando. Doloroso.
Mas Polissía não é um dramalhão, também rende cenas engraçadas que perpassam por uma espontaneidade tranquilizadora.

Polissía trata da violência contra a criança e o adolescente de uma maneira humana, convidando-nos a relfetir.
Será possível ser apenas policial e ver cada pequena vida daquelas sendo roubada, estrupada e violentada sem envolver-se ou tocar-se profundamente?
Eu cheguei à conclusão de que não. Todo e qualquer trabalho que exista o fator humano envolvido, sempre permeará pelo campo emocional, mesmo quando o trabalho não permite atravessar essa linha tênue do profissionalxpessoal.

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