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quinta-feira, 19 de novembro de 2009

No embalo da Ajuda!

Por: Taísa Silveira

A Festa da Ajuda tem mais de 200 anos de existência e ainda causa polemica entre a população de Cachoeira. Desde os anos 70 a Festa da Ajuda passou por represálias de autoridades, não só policiais como religiosas, por ser considerada, um tanto quanto profana.

Nesse ano houveram certos rumores de que a festa simplesmente não iria sair às ruas com os Embalos por conta de alguns descontentamentos eclesiásticos.
A festa da ajuda é o momento em que toda a cidade se confraterniza em torno de uma causa maior e acima dos problemas cotidianos, é quando desde o cidadão mais simples à filha do prefeito, unem-se numa grande massa pelas ruas, cantando as cantigas que outrora serviram de enfrentamento político perante as mazelas da população, ignoradas pelas grandes autoridades.
A Festa da Ajuda pode ser comparada aos antigos bailes À fantasia, exportados da Europa, com a singularidade da sátira, pois os personagens simbólicos representantes da festa como as Cabeçorras, relembram a corte portuguesa, e fazem uma alusão jocosa àquela elite falida mas que se mantinham uma postura austera e soberba de uma riqueza já etérea.
As Cabeçorras satirizavam as enormes perucas usadas pela corte, para diferenciarem-se da população em geral. Mas a idiossincrasia da Festa da Ajuda, permite hoje em dia transcender um pouco as criticas políticas e resignificar fatos cotidianos ou que ultrapassam até mesmo o vale em que Cachoeira se ‘esconde’, como no ano em que um grupo da cidade lançou o bloco dos talibãs, numa clara referência aos grupos ‘terrorisas’ que derrubaram as torres gêmeas nos Estados Unidos.
Mas, tudo passa, tudo acaba, e assim como na semana em que tudo é permitido, em que todos são iguais, independente de credo, cor e opção sexual, as estruturas sociais voltam ao normal na segunda feira, e parafraseando Vinicius de Moraes, a Festa da Ajuda, parece a grande ilusão do carnaval/ a gente trabalha o ano inteiro/por um momento de sonho/pra fazer a fantasia/de rei ou de pirata ou jardineira/pra tudo se acabar na terça feira.