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domingo, 3 de agosto de 2008

A programação de domingo não muda

A programação de domingo não muda
Assistencialismo-show continua nos programas dominicais


Eu fico chocada como tudo vira show bussiness. Hoje mesmo eu estava em minha casa, em frente à TV, quando eu me deparo com um programa novo da Rede Band: “Quem Pode Mais”. De primeira eu me espantei por perceber que o talk-show era apresentado pela ex-celebridade-baixarias-em-praias-espanholas Daniella Cicarelli. Ela, estava lá, apresentando seu programinha para jovens, o que me lembrou que ela era a menina-de-ouro da MTV. Isso também me fez ponderar que tudo é prazo de validade, e que enquanto eu estiver na mídia, não importa a emissora “baby”.
Eis que me chamou atenção por que o programa é daqueles do tipo de perguntas de conhecimentos gerais em que 2 equipes se enfrentam num “embate cultural” – perdoe-me Miguez pela referência à cultura, eu sei que existem 400 definições pra ela. Mas logo vi que minha esperança era totalmente descabida e fui totalmente frustrada. Entre as perguntas chaves, estavam lá: qual foi a seleção que ganhou a copa de 70? Itália, Brasil ou França? E por incrível que pareça, as menininhas erraram! “Itália” foi a resposta! E eu que esperava ouvir algo do tipo “qual a conferÊncia internacional que promoveu o acordo entre os países mais emissores de CFC para a diminuição destes elementos tóxicos na atmosfera?” Mera ingenuidade minha. Ah! Mas um programa que eu achei que vinha com uma proposta diferente! De levantar questões primordiais e fundamentais para a discussão na sociedade, ainda mais sendo os participantes, todos pré-vestibulandos. Mas não.
Resolvi dar mais um crédito ao programa e insisti em não trocar de canal. A próxima pergunta me arrebatou de tal maneira que eu não poderia fazer mais nada senão desligar a TV, mas o que se sucedeu foi demais! Eu não poderia deixar de vir aqui escrever acerca de minha indignação. Fora a pergunta referente aos “anos 90” ( qual o nome do programa que continha os seguintes personagens Baby, Charlene e Bob, sim essas elas acertaram), o que se seguiu foi o retrato da classe alta hipócrita brasileira. O nome da “prova”era, “Fazendo o Bem”. A “prova” consistia nos cursinhos e seus representantes ajudarem alguém “ que realmente precisa”. As aspas não são uma ironia pela necessidade do ajudado, e sim pela intenção filantrópica do programa.
A assistenciada da vez, foi uma garota com paralisia cerebral. As meninas, todas visivelmente de classe alta, abastadas estudantes de um conhecido cursinho paulista, saíam histéricas pela rua atrás de “patrocinadores do bem”, para que arrumassem a vida da menina. Ligando para empresas fornecedoras de materiais de construção, lojas de pisos, e artigos para banheiro, a trupe de patricinhas “bem intencionadas” angariava artefatos para ajudar a “arrumar” a vida da menina. Ao final, elas voltariam ao palco com Cicarelli, com a possível solução dos problemas da garota. Confesso que não assisti o quadro até o final, por que estava me dando náuseas, mas acredito ter sido um erro, pois ter visto o “do well show” até o final me daria mais respaldo para terminar de contemplar tanta hipocrisia.
A prova acho que valia uns 20 pontos. Mias uma vez a televisão brasileira se utiliza do drama de brasileiros pobres, sem assistência, e dependentes para angariar pontinhos no IPOBE do tão disputado domingo à tarde.
Era de dar raiva como aquele programinha ridículo era feito para menininhas ovais – com ovo na cabeça, sem o mínimo de consciência social, ou do que representa ter um membro de sua família com paralisia cerebral. Quão horror transformar essa história de vida em uma prova leviana de um talk-show dominical, que fariam elas ganharem, o que? Conhecimento? Acho que não? Consciência social? Tão pouco! Fama? Talvez.E talvez com a proposta de trazer um programa diferente pros tão assolados de esterco cultural, domingões, que a BAND escorrega e cai no velho clichê de assistencialismo-show, mais um programa de vitrines para as lojas apresentarem seus produtos – como o Wet’ Wild, ou reafirmarem suas marcas na cabeça de mais e mais brasileiros que serão o futuro do Brasil. Esses serão nossos próximos advogados, médicos,psicólogos conscientes dos problemas sociais do Brasil, mais preocupados, enfim mais humanos. Acho que estão precisando assistir alguns dos filmes de Sérgio Bianchi, "Cronicamente Inviável" e "Quanto vale ou é por quilo?" E viva à programaçãodo domingo à tarde.

sexta-feira, 25 de julho de 2008

Abalo no Império Verde

Política



Abalo no império verde
Prefeito de Cachoeira enfrenta problemas para concorrer à reeleição

Taísa Silveira, Alanna Oliveira e Sandrine Souza


Supermercado Pereira, Supermercado Isamar, Mini Pereira, Delicatessen Zero Hora, Vieira Loja de Conveniências, Cachoeira Apart Hotel, Paradela Material de Construção e Dom Pedro Material de Construção e alguns postos de gasolina em Cachoeira e cidades vizinhas. O que todas essas empresas teriam em comum? Todas pertenceriam à família Pereira, da qual faz parte o prefeito de Cachoeira, Fernando Antônio Pereira da Silva, o Tato. A família construiu o seu pequeno império adornado de verde em pouco mais de duas décadas no eixo Cachoeira - São Félix. Nada mal para uma família de origem humilde. O ferroviário Antônio Astério Pereira Sobrinho e a dona-de-casa Maria Raimunda da Silva Pereira criaram os quatro filhos numa casa simples. O pai de Tato sustentava a família com a venda de botijão de gás e gordura vegetal num pequeno comércio. Mas todo esse poder econômico e político sofreu um duro golpe no mês de junho. Candidato à reeleição, Tato enfrenta problemas com o seu partido, o PMDB.
Tato foi eleito prefeito pelo Partido de Frente Liberal (PFL), atual Democratas (DEM), o que ajudou a sustentar a hegemonia do grupo Pereira, segundo Luís Cláudio Dias Nascimento, historiador e morador da cidade. “Alimentos, material de construção, combustível e outros artigos são comprados pela prefeitura nas mãos da família Pereira, uma prática favoritista com a qual a família só tem a ganhar”, analisa Luís Cláudio. Porém, a reportagem do Reverso, ao consultar o site do Tribunal de Contas do Município, não encontrou compras da prefeitura nas empresas que são comprovadamente da família Pereira. Curiosamente, na convenção que homologou a candidatura de Tato à reeleição, no dia 11 de junho, Fábio Souto, deputado federal pelo DEM, declarou: “Toda vez que eu venho à Cachoeira, Tato, eu vejo um comércio novo e uma padaria. A cidade toda se reestruturando e isso se reflete na administração que está sendo realizada no município de Cachoeira (...)”. As casas comerciais a que ele se referia são notoriamente da família Pereira, tal como Vieira Loja de Conveniências, o recente supermercado inaugurado na cidade, na rua Lauro de Freitas.
O dono oficial da maioria dos empreendimentos Pereira, Edson Pereira, irmão de Tato, foi procurado para falar sobre seu oligopólio comercial na cidade e não foi encontrado.
Após dar a seguinte declaração, também na convenção do dia 11, Tato sofreu uma sanção do seu atual partido, que retirou o apoio à sua candidatura, sob acusação de infidelidade partidária. O prefeito disse: “Jamais essa administração deixou à parte o DEM, mas hoje estamos colocando aqui, o que ela vai continuar, a parceria tanto política como administrativa (...) nós fizemos uma opção de ir pro PMDB mas não fizemos acordo com o PMDB, nós fomos pra lá, nós não dissemos que iríamos apoiar um deputado do PMDB, nós não fomos pra lá dizendo que iríamos apoiar o governador do PMDB. Tá certo? Nós fomos pro PMDB convidados pelo PMDB. E hoje tenha certeza, Fábio (Fábio Souto), que nós temos três anos e cinco meses de governo. Nunca trouxe um deputado federal pra essa cidade, porque nosso deputado continua sendo você...”.
O PMDB divulgou, em seu site, a declaração dada pelo prefeito, como justificativa para o seu desligamento. Perguntado sobre o assunto, Tato declarou: “Sim, eu sofri um golpe da oposição. Cambada de ladrão safado”, bradou Tato, em rápida entrevista ao Reverso. O prefeito acusa diretamente os candidatos à prefeitura, Teobaldo Miranda, do PT, e o ex-prefeito Raimundo Leite, do PR, de terem armado um complô contra a sua candidatura. “Ele não sofreu golpe nenhum de ninguém. Eu acho que ele não pode ser vítima nesse processo, ele é o culpado. Ninguém articulou esse acontecimento, foi provocado só por ele. Ele é o réu, foi infiel com o partido. Agora, alguém botou palavras na boca dele? Não tenho participação nenhuma no envio das fitas. Não tenho contato nenhum com Lucio Vieira Lima”, declarou Teobaldo Miranda.

A mesma versão foi dada pelo ex-prefeito Raimundo Leite. “Não teve golpe nenhum. Se tem alguma pessoa errada, essa pessoa é o Tato. Isso foi uma decisão do diretório regional da Bahia, através do seu presidente Lucio Vieira Lima. Eu não tenho nada a ver com isso, nem o Teobaldo Miranda”, declarou Leite.
O presidente estadual do PMDB, Lúcio Vieira, declarou, no site do partido, que “o PMDB não está preocupado com quantidade de prefeitos, mas sim com a qualidade dos mesmos”. Tentando justificar suas declarações, Tato disse ao Reverso: “Não posso dizer que apóio nenhum deputado de meu partido porque, em 2010, eu serei candidato a deputado. Não faz sentido eu dizer que apoio deputado nenhum”.
A determinação do PMDB levou os cachoeiranos às ruas num movimento queremista em prol do prefeito. O presidente da associação da Terra Vermelha, Admilson Bonfim Mota de Jesus, diz que Tato foi vítima de um golpe e que é uma injustiça o que estão fazendo com ele. Um morador da cidade, que preferiu não se identificar, afirma que aquelas pessoas que gritavam “queremos Tato”, durante os festejos do 25 de junho, foram pagas para fazê-lo. Luís Cláudio Nascimento afirma que a família vence devido à força econômica que possui no município. “Eles compram a dignidade das pessoas devido ao controle da maioria dos empregos da cidade”, denuncia.
Para garantir a sua candidatura, o prefeito de Cachoeira entrou com uma liminar na Justiça da cidade, que foi concedida pelo juiz eleitoral substituto, Alex Fabiane Arantes. O PMDB já entrou com um recurso no Tribunal de Justiça e promete usar de todos os instrumentos legais para impedir a candidatura de Tato.

“O Dinheiro do povo não é Capim”

Sociedade


“O Dinheiro do povo não é Capim”

Os estudantes da UFRB manifestam no dia 25 sua indignação com a situação da universidade



“O dinheiro do meu pai não é capim, eu quero o Leite Alves, sim. Eu quero, eu quero, eu quero o Leite Alves sim. O dinheiro do povo não é capim, eu quero o Leite Alves sim”; cantavam em coro os estudantes do Centro de Artes, Humanidades e Letras (CAHL) da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), na histórica Praça da Aclamação de Cachoeira no dia 25 de Junho. No mesmo local há 186 anos os cachoeiranos lutavam pela Independência da Bahia.
Aproveitando a presença do governador, Jaques Wagner, e de outras autoridades na cidade - capital simbólica do estado neste dia -, os estudantes da UFRB se organizaram para reivindicar o término das obras do Quarteirão Leite Alves, futuro campus da universidade, e melhoria na assistência estudantil. A idéia da manifestação surgiu a partir dos diretórios acadêmicos dos cursos do CAHL- Centro de Artes Humanidades e Letras,que levaram para discussão em assembléia geral o modelo da manifestação.
Vestidos de preto e com narizes de palhaço, os estudantes seguravam faixas com frases como “ Universidade Pública e de qualidade já!”, “Movimento dos estudantes sem-teto”, “3 anos de espera!” entre outras.
Os estudantes estão a dois anos em locação provisória em um prédio anexo do Colégio Estadual da Cachoeira. A cada dia o governo federal dá um novo prazo e justificativa para o atraso das obras.
“Eu esperava encontrar tudo, mas não encontrei nada. Idealizei uma universidade cheirando a tinta, com cadeiras novas, laboratórios...Cheguei aqui e encontrei este prédio horrível. Deu vontade de voltar para casa. Eu me sinto meio deslocado, porque ,na verdade, este espaço não é nosso. A cada dia eles adiam mais o prazo. É desmotivante, é a terceira, quarta, quinta vez que eles mudam o prazo. Não dá mais para acreditar. Já era para as obras estarem conclusas, é um direito de nós estudantes termos condições dignas para desenvolver nossas atividades. As pessoas não sabem as condições reais em que se encontram a universidade, só quem sabe é quem está aqui. Dá até vergonha de dizer as condições nas quais estudamos.” Desabafa Maurício Miranda, estudante do terceiro semestre de jornalismo da universidade que participou da manifestação.
Com apitos, os estudantes chamaram a atenção da imprensa e preocuparam a polícia, que para evitar o que eles acreditavam ser uma possível invasão da câmara, fecharam a entrada com oficiais e, só depois de diversas negociações, foi liberada a entrada de uma comissão composta por 3 estudantes e um professor. Este grupo conseguiu uma reunião informal com o reitor Paulo Gabriel Nacif, o vice-reitor Sílvio Soglia, o secretário de Educação Adeum Sauer e o acessor direto do governador Fernando Schmidt que prometeu levar a pauta de reivindicações ao governador Jaques Wagner e se possível ao presidente Luís Inácio Lula da Silva.
O docente Amílcar Baiardi, foi o único docente que participou ativamente da manifestação, segurou faixas, colocou nariz de palhaço e chamou gritos de ordem em favor dos estudantes. Baiardi acredita que a pouca adesão dos professores ao movimento, foi porque a maioria deles está em estágio probatório, têm medo de possíveis retaliações, além de que, os professores têm uma capacidade de mobilização menor. Para ele, o maior saldo da manifestação foi ouvir do chefe de gabinete do governador, que a entrega do prédio até o dia 18 de outubro deste ano, era um compromisso.
O problema se agrava, pois no segundo semestre do ano letivo,entrarão quatro novas turmas que incharão ainda mais o espaço onde os alunos têm aula. Porém, como medida paleativa, o reitor da universidade já garantiu que os alunos serão relocados para o prédio, onde funciona o atual INSS de São Félix. “ O prédio já foi alugado. Em agosto as aulas acontecerão lá, até a conclusão do Leite Alves em outubro”. Mas, enquanto isso não acontece a comunidade acadêmica do CAHL, continuam esperando a sede oficial do campus, e com a grande expectativa que isso realmente ocorra na data limite de 18 de outubro de 2008.

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Faculdade Adventista de Administração


Faculdade Adventista de Administração
Prof. Pedro Borges fala sobre moral, ética
e responsabilidade social do administrador


Por: Taísa Silveira

No dia 12 de maio, o professor Pedro Borges, habilitado em língua Inglesa pela Universidade Federal de Alagoas, e especializado nos Estados Unidos, foi o convidado dos alunos André Almeida, Lenon Tadeu, Lucimara Melo, Marília Souza, Sandrelesse dos Santos e Livia Almeida, do 1º semestre do curso de Administração da Faculdade Adventista da Bahia - IANE, em cumprimento de atividades acadêmicas da disciplina Teoria Geral da Administração, lecionada pelo professor Ricardo Costa, a proferir uma palestra sobre o tema "Ética, moral e responsabilidade social do administrador".
Fundador e proprietário do Instituto de Idiomas Polycenter, na cidade de Cachoeira, o Prof. Pedro Borges entende de inúmeras diretrizes de um administrador, na gerência das diversas atividades que a empresa requer do empreendedor. Inicialmente fundado na cidade de Salvador, o Polycenter já tem 34 anos de existência e muitas turmas formadas nas 5 línguas que oferece, dentre elas o inglês, o italiano,o francês e o hebraico. De maneira clara e descontraída, o professor Pedro Borges fez uma explanação definindo os conceitos de ética e moral e como o administrador deve unir essas duas qualidades, incorporando-as à responsabilidade social do empreendimento que gerencia.
Perguntado sobre como realiza a responsabilidade social em seu negócio, admite que no começo teve alguns problemas: “Inicialmente tive algumas dificuldades em incorporar à minha empresa essa ação de responsabilidade social. Algumas empresas só realizam esse trabalho para conseguir abatimento nos impostos. Sempre quis agregar essa atividade à estrutura do meu empreendimento, mas, inicialmente, tive dificuldade, tendo em vista a decisão pessoal de pagar salários justos aos servidores da instituição, de acordo com suas qualificações, competências e valor do trabalho executado. Então, por sugestão de minha esposa, aliei à estrutura da empreendimento a concessão de bolsas de estudo destinadas a estudantes procedentes de família de baixa renda, sem declarar esta iniciativa ao governo. O objetivo não era reduzir os impostos destinados aos cofres públicos.”
A palestra do professor Pedro Borges durou cerca de 40 minutos. Em seguida, respondeu a questões e comentou intervenções feitas pelos acadêmicos do curso de Administração, enfatizando a importância da incorporação de novos valores éticos e morais, tanto na vida pessoal quanto no trabalho. “É fundamental que o administrador deste século associe a responsabilidade social à suas práticas na vida pessoal. Será muito enriquecedor”.
O empreendedor Pedro Borges já administra seu Instituto de Idiomas Polycenter há muitos anos e diz que ser ético quando se trata da prestação de serviços à comunidade é de suma importância. “Existem empreendimentos em Cachoeira que pecam nesse sentido, o que acarreta na perda da confiança, e faz com que muitos clientes se afastem. Com a implantação das universidades, cuja clientela cresce a cada semestre, gerando um forte segmento com expressa capacidade crítica, empreendimentos gerenciados por indivíduos de postura duvidosa, tendem a desaparecer.”
Concluindo, o Prof. Borges falou de responsabilidade social. “Muitas empresas praticam essa “responsabilidade social”, mas a melhor responsabilidade social é aquela que permite independência, pois, muitas dessas empresas não têm qualificações técnicas para ampliar a geração de emprego, renda, e ocupação salvo raríssimas exceções. Por isso os jovens saem da cidade de Cachoeira, comprometendo o crescimento populacional. O empreendedor deve pensar no ser humano. O atual prefeito de Cachoeira é considerado bom administrador na urbanização de áreas, entretanto sua gestão não incluiu esses itens. O empreendedor de nossa era, do nosso século tem que ter essa visão.”
A cidade de Cachoeira é basicamente movida pelo turismo, pois, por ser uma cidade histórica e tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional- IPHAN há uma dificuldade na construção de modelos arquitetônicos e algumas edificações residenciais e comerciais, que poderiam gerar ocupação, emprego e renda para a comunidade. “O governo do Estado é contra a instalação de indústrias em Cachoeira, a última foi a Mastrotto - indústria de beneficiamento de couros. Argumentam que Cachoeira é uma cidade histórica, e a instalação de indústrias em suas cercanias poderá ser poluente e prejudicial ao meio ambiente. Entretanto, a Mastrotto já gerou entre 1500 a 2000 empregos possibilitando que a população cachoeirana além de ser preservada,cresça e se desenvolva”, diz Borges.
A participação do professor se encerrou com palmas e música cantada pelos alunos, que disseram estar muito agradecidos pela contribuição e saíram certos de convidá-lo novamente, à vista de seus valores acadêmicos e experiência gerencial.

quarta-feira, 28 de maio de 2008

Atelier de Dory


Ateliêr de Dory
-Cachoiera, BA-
Câmera: Sony Alpha 100

sexta-feira, 23 de maio de 2008

“Fazenda Santa Fé, todo mundo põe o pé”


“Fazenda Santa Fé, todo mundo põe o pé”
60 anos de ocupação e demais irregularidades em Cruz das Almas

Por Alanna Oliveira, Sandrine Souza e Taísa Silveira.

Uma mistura de negligência administrativa somada a uma série de fatores corroborou para ocupações irregulares no Campus de Cruz das Almas da UFRB (Universidade Federal do Recôncavo da Bahia) e para a situação ilícita quanto à posse oficial da terra onde está localizado. As conseqüências são uma média de 300 famílias vivendo no espaço da universidade, muitas delas em condições subumanas e a pressão a qual está submetida a instituição para legalizar com urgência a posse.Onde hoje funciona a UFRB, primeiramente foi a Escola Agronômica da Bahia, que surgiu a partir da desapropriação de minifúndios. Em 1967 o território passa a pertencer a UFBA( Universidade Federal da Bahia) e finalmente em 2006 passa a UFRB. Estão regularizados 1466 ha no cartório de São Félix em nome do estado da Bahia. Os problemas começam aí. O governo federal só constrói em espaços da União e existe uma diferença de 494 ha de quando houve a desapropriação até hoje.A universidade está em processo de implantação dentro de uma perspectiva de REUNI (Plano de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais), serão abertas novas vagas em cursos já existentes e outros estão sendo criados. Isso significa o aumento da demanda por estrutura física. Porém, no mês passado a construção de prédios em Cruz foi interrompida e até que o território passe efetivamente para a governo federal nada mais será construído. Onde o reitor vai colocar tantos estudantes? Paulo Gabriel Nacif afirma que se as verbas para construção deixarem de vir que não vai permitir as entradas propostas no REUNI-UFRB. Este problema é global, pois nenhum dos campi da universidade tem a posse do espaço físico legitimada em cartório. Mas, ele diz que está tudo sob controle e que a comunidade acadêmica não deve se preocupar.A questão da irregularidade das terras da UFRB, conta com uma equação complicada e de difícil resolução. O problema além de ser legal decorrente da falta de registro dos papéis em cartório, possui um elemento que transcende a justiça pura e simples: a ocupação ilegal dessas terras por pessoas físicas.“No processo de construção da escola agronômica foi criada uma estrutura para que os funcionários e os professores pudessem ter condições de moradia no campus, na medida que essas pessoas fossem se aposentando elas teriam que ir saindo e outras viriam para ficar nas casas e ir substituindo-as, o que não ocorreu”, diz o professor José Aécio, que elaborou em 1995 depois de pesquisas e análises uma proposta para reordenamento do campus.Da mesma forma os homens que vieram trabalhar na construção dos prédios também se fixaram na periferia do campus. Com o passar dos anos, continuaram a ocupar as terras, gerando núcleos de habitações irregulares, que vivem basicamente da agricultura de subsistência, aposentadoria e programas assistencialistas do governo. Existem duas comunidades principais nessa situação de ocupação ilegal: a Sapucaia e Baixa da Linha. Algumas pessoas foram fazendo construções na área da universidade como se não houvesse dono. O prof. Geraldo Sampaio, um dos idealizadores de uma proposta de estudos para o reordenamento físico, afirma que a expressão ouvida certa vez Fazenda Santa Fé, todo mundo põe o pé, caricata bem o campus.O que fazer com essas pessoas que vivem a tantos anos nessas comunidades? É necessário perceber que se trata de seres humanos e da subjetividade ligada ao lugar onde vivem. Em 2004, quando houve o rumor de que eles teriam que sair das terras da universidade um morador da Linha suicidou-se, afirma Ciro, estudante de Agronomia da UFRB.
HISTÓRIAS- *Gimalra Silva e Edmando Silva, casaram-se e foram viver na Baixa da Linha há oito anos. Têm quatro filhos, Hélio, Henrique, Jucimara e Henia. A última mora com sua avó. Gimalra estudou até a quinta série e seu marido até a terceira. Quando chegamos ela lavava roupas sobre uma lona com um balde cheio d’água ao lado e, os seus os filhos ao redor. Ao fundo ouvia-se uma música internacional. O pai estava dentro do barraco onde moram e ao notar a presença de estranhos saiu para falar conosco. Eles disseram viver ali por falta de escolha. Os dois estão desempregados, comem com o dinheiro dos “bicos” que Edmando consegue esporadicamente e com os auxílios do governo federal. Os moradores não têm acesso a saneamento básico, não há escolas, nem segurança pública. A eletricidade chegou a pouco tempo e para se ter água é necessário trazer da fonte com um balde sobre a cabeça. Geraldo Sampaio diz que essa região é a Etiópia da UFRB. *Mário José mora a 50 anos na Baixa da Linha. Ele nasceu na comunidade e teve 60 filhos. Mora numa casa de taipa com chão de terra e sem divisões, dentro da casa só uma amontoado de coisas velhas. Um fogão antigo, uma cortina suja e pedaços de papelão pelo chão. Diz já ter trabalhado como vaqueiro e eletricista, mas que o que queria mesmo era trabalhar com a terra. As dificuldades enfrentadas no dia-a-dia parecem não abalar seu encantamento pela vida. Ele é um homem altivo, com um riso forte sempre no rosto e olhar alegre. Mostrou com uma felicidade transparente uma madeira desenhada: “Essa é a minha arte”, diz ele, com olhos marejados.Nem todos os que vão morar na universidade o faz por não ter condição de ir para outro lugar, alguns simplesmente aproveitam a falta de fiscalização e a corrupção de outros. Aécio afirmou que inclusive servidores envolveram terras da universidade em campanhas políticas. Moradores da Sapucaia afirmam que tiveram o consentimento de diretores do campus, enquanto ainda pertencia a UFBA, para construir casas.“Tem uma figura que é ex-funcionário da Leste, aposentado e ganha, dizem, entre três e quatro mil reais, que construiu uma casa de alvenaria aqui e botou a mulher, aí brigou com a mulher, construiu outra casa de alvenaria e botou a amante, aí brigou com a amante, aí vem pra cá, para o diretor, que era Paulo na época, tomar uma das casas dele, que estavam com as mulheres. Esse cara vai ter o mesmo tratamento que os outros que foram marginalizados que foram segregados da sociedade civil, que estavam a baixo da linha de pobreza? Essa realidade está aí também.” Geraldo é contra a expulsão irresponsável dos moradores, mas chama a atenção que as diferenças acima devem ser levadas em consideração.Na Sapucaia estavam Natalina Fernandes, 58, moradora de lá a cerca de 30 anos. Ela tem 11 filhos que foram criados lá e 19 netos. Trabalhou na roça, mas já não trabalha com a terra. Disse que foi morar na Sapucaia para não pagar imposto, o que ela considera fora de moda. No fim da conversa, ela pergunta a nós com tom hostil, que estávamos no carro da universidade, se queríamos tirar eles de lá. Outras pessoas não quiseram falar sobre o assunto.Aécio diz que o nível de escolaridade dos posseiros é muito baixo, principalmente os da Linha, e que é muito triste ver essa realidade dentro da universidade. Ele alerta que apesar de toda complexidade da situação se não forem tomadas medidas corretivas o problema irá aumentar cada vez mais. No levantamento feito pelo prof. Amílcar Baiardi em 2004, já foi perceptível o aumento de famílias em relação aos dados coletados em 95. Para completar alguns ocupantes querem a posse das terras.Aécio é contra a doação das terras aos posseiros. Ele diz que uma hipótese seria ceder uma terra ao município para que o órgão que realmente tem como resolver o problema e assistir a população o faça e aproveitar a demanda dos que querem trabalhar com a terra para viabilizar a pesquisa e a extensão através da capacitação rotativa dos mesmos. Ainda ressalta a importância de ouvir o que estas pessoas querem, o que ele não fez na sua pesquisa.Nacif diz que a questão fundiária é uma preocupação da reitoria e que também não é a favor de doação de terras da universidade para os posseiros. “Eu acho que dentro das resoluções dos problemas, podemos inclusive determinar que alguma parte da área, eventualmente, sirva para algum tipo de assentamento modelo, assentamento pequeno, mas não é possível simplesmente desmembrar tudo e dar a posse aos posseiros, só para vocês terem uma idéia, temos algo em torno de 300 famílias ocupando a UFRB. Se nós dermos 5 hectares a cada uma dessas famílias, que é uma área pequena, somariam 1500 hectares, que seria a área da UFRB”, diz.Há uma outra comunidade que vive nas dependências do campus de Cruz, a Volta Terra. A idéia inicial era fazer uma rotatividade, onde os trabalhadores do campo marginalizados nas periferias das cidades passariam um tempo na terra aprendendo técnicas de plantio e depois voltariam ao lugar de origem. O projeto já tem 18 anos e não houve esta rotatividade. O presidente da comunidade, Josué, fala das dificuldades enfrentadas e reinvidica a posse da terra, alegando que eles só podem receber um incentivo federal de R$ 1.500 e que com a posse teriam acesso a outros mecanismos de incentivo ao produtor rural. Com o apoio do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST) eles pressionam a reitoria. No entanto, a universidade não tem o poder de doar terra, até mesmo porque não tem a posse dela. Essa é uma outra questão delicada que envolve o Campus de Cruz das Almas. Geraldo propôs um questionamento: Se o Volta Terra que está a 18 anos alega o direito à terra outras pessoas que trabalham a mais tempo na universidade poderiam alegar esse direito também?O reitor disse que ceder terra a esta comunidade não é possível. “Trata-se da terra mais valorizada da UFRB e para onde nós estamos encaminhando o nosso crescimento, nós temos sensibilidade, temos ações concretas em direção a resolução dos problemas e é importante dizer que todas as questões serão resolvidas tendo o principio básico de que se trata de um problema que envolve questões sociais seríssimas. Não é o caso de polícia. Quanto às ameaças desse pessoal, nós não vamos trabalhar sobre ameaça. Não temos medo do MST, nem do Volta a Terra, nem de nada, nós vamos ter uma comissão trabalhando para propor soluções técnicas e no devido momento discutiremos com a comunidade, agora nós não vamos aceitar ultimato de ninguém por que estamos na nossa casa, essa é a nossa universidade, nós cumprimos nossas funções sociais e nós respeitamos todos esses movimentos, queremos também respeito à instituição, diz ele.

*Nomes fictícios para preservar a identidade dos entrevistados

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Pérola Negra do Recôncavo




MODA

Pérola Negra

Cachoeira, cidade histórica do Recôncavo Baiano, tem uma população de maioria afro-descendente. Segundo o site de pesquisa Wikipédia, a tal já foi conhecida como ‘Meca da Bahia’, pela grande influência malê sobre a cidade.A região é bastante conhecida pela sua cultura afro-religiosa, abrigando inúmeros terreiros de candomblé. Mas essa não é a única herança deixada pelos negros. A moda afro está nos penteados, acessórios e vestimentas de muitos moradores.Pelas ruas da cidade é possível constatar facilmente essa influência. Mulheres usando tranças é uma típica imagem que compõe o cenário da região. Não só as mulheres continuam seguindo essa tendência, os homens também trançam seus cabelos, fazem black powers ou dreads. Além disso, as contas de orixás colorem a cidade, seja nos braços ou pescoço de algum cachoeirano. As contas podem ser encontradas no comércio da mesma sem muito esforço, é o caso da Miscelânea Iemanjá. Em entrevista com a neta da dona, Idália Souza dos Santos, 19 anos, ela disse que todo tipo de pessoas vai ao estabelecimento, desde turistas a curiosos. O lucro é relativo, a depender da época do ano, e as vendas ajudam no orçamento.

Fonte de renda e Cultura

A moda afro é, contudo, uma fonte de renda para a população. Jacyara Santos Silvério Ferreira, 20 anos, é uma das mulheres da região que se beneficiam. Ela trança cabelos desde os 14 anos e disse que muitas pessoas procuram pelos seus serviços, o qual é sua única fonte de renda.Apesar dos cabelos trançados representarem muito bem a cultura afro na Bahia, e especialmente na cidade de Cachoeira, há também quem não goste muito de usar esse tipo de penteado, e prefere os alisamentos, escovas e pranchinhas.È o caso da estudante Cryhna Pereira de 18 anos, que diz alisar o cabelo por ser mais conveniente: “Acho que meu cabelo fica melhor liso, até por que quando faço tranças minha testa fica cheia de espinhas, já fiz tranças, mas prefiro dar escova. Por isso desde o ano passado eu dou alisante regularmente.A questão da identidade com os cabelos trançados, também retoma a discussão do resgate e da valorização da auto-estima do negro, como afirmou Alan Félix, 21 anos estudante de História da UFRB: “Eu gosto do cabelo trançado, não só do ponto vista da estética da beleza mas é um ponto de afirmação de sua negritude, chama mais minha atenção o cabelo trançado por causa disso.Não tenho discriminação nem preconceito, com quem alisa, mas não me cativa.Acredito que ao alisar os cabelos crespos é uma forma de você buscar se enquadrar num padrão de beleza instituída pela sociedade. É uma beleza midiática. E você acaba esquecendo sua origem, e se apagando enquanto indivíduo e entrando num padrão geral.As tranças tem o caráter da afirmação da identidade, a mídia também esta se apoderando disso, com a “beleza negra”, e eu acho que desta forma está se perdendo esse caráter de identidade. Trançar deixar o cabelo black, era uma forma de contrapor essa sociedade e se auto afirmar enquanto negro, e dizer: eu sou negro e me aceito como eu sou.”Essa opinião também é compartilhada por Adriana da Silva 14 anos, estudante do Colégio Estadual da Cachoeira: “Tranço meus cabelos desde pequena, meu cabelo é muito cheio, eu tranço pra arrumar, isso faz o cabelo crescer também. Apesar de alisar desde ano passado, me sinto muito mais representada como negra quando uso minhas tranças. Acho bonito e diferente, você pode colocar tranças vermelhas, de cores diferentes, acho que combina mais com a raça.”Trançando ou alisando, é um fato que a moda é muito influenciada pela cultura afro, e podemos perceber isso a cada novo penteado, a cada trançado colorido, a cada inovação nos cabelos das mulheres negras.

Moda e Religião

Há aqueles também que seguem o estilo afro sem ligações diretas a moda. A Irmandade da Boa Morte e o Terreiro do Caboclo Guarany de Oxóssi são exemplos disso. A indumentária originada dos africanos é utilizada no dia a dia e em festas. As negras da Boa Morte têm um vestuário para cada dia de festa da Irmandade, que acontece todos os anos, do dia 13 a 15 de agosto. Segundo Nilza Matias da Paixão, conhecida por Nini, no primeiro dia, as irmãs saem em procissão vestidas de branco, simbolizando luto pelo anúncio da morte de Maria. Nesse dia, elas também usam contas de orixás. No segundo dia elas vestem a beca ao contrário e carregam lenços em suas cabeças com outro lenço por cima chamado de bioco. O bioco é uma homenagem aos negros mulçumanos. No dia 15, último dia, elas celebram Maria usando a beca e uma farda, adicionada de jóias e bijuterias, com o intuito de “relembrar quando elas eram consideradas negras Partido Alto”, disse Valmir Pereira, administrador do Memorial da Irmandade da Boa Morte. Esses trajes são somente para ‘pessoal de santo’, pessoas ligadas ao candomblé.Não é apenas na Irmandade que esse tipo de indumentária é usado. Em terreiros, a saia rodada de cor branca é uma veste comum. Márcia Maria de Lopes, mãe pequena do Terreiro do Caboclo Guarany de Oxóssi, disse que há dois tipos de roupa: a de ração e a de festa. Roupa de ração é aquela usada no dia a dia e, também, durante a iniciação. Ela é composta por uma saia branca, camisu (camisa de mangas curtas, retas ou fofas, com decote oval arrematado por renda, usada em geral pelas filhas-de-santo), pano de cabeça e, posteriormente à iniciação (após sete anos), pode complementar o traje com uma bata. Em dias festivos, elas usam saias rodadas, jóias e contas, cada qual com as contas de seu orixá. O pano na cabeça é uma peça em comum nos dois tipos de vestes.




Por: Taísa Silveira e Caroline Oliveira

segunda-feira, 31 de março de 2008

Desfiador de Piaçava

Desfiando Piaçava

- Cachoeira, BA -

Foto por: Taísa Ágatha C. Silveira

Câmera: Alpha 100, Sony




sexta-feira, 28 de março de 2008

São Félix e Rio Paraguaçú

São Félix
-Bahia-
Foto por : Taísa Ágatha Silveira
28/03/08
Câmera Alpha 100, Sony

Irmandade da Boa Morte - Cachoeira, BA

Irmandade da Boa Morte
Cachoeira-BA

Foto por : Taísa Ágatha Silveira 28/03/2008

Câmera Alpha 100, Sony



sábado, 22 de março de 2008

Sociedade evolui, os Pecados Capitais também



Em pleno, dia 22 de março, Sábado de Aleluia, dia que antecede a Páscoa, ou melhor o dia da Ressureiçao de Jesus Cristo, e nós somos tomados pelo sentimento de compaixão e solidariedade.
Na programação televisiva, tudo gira em torno do suplício de Cristo, ou de sua Paixão, até sua morte; os filmes retratando toda a sua saga, me emocionam e me levam às lágrimas.
A Rede Globo escolheu o brasileiro, "Maria Mãe do Filho de Deus" de Moacyr Góes, um pouco inssoso na minha opinião, com atuações pouco convincentes, de Luigi Baricelli como Jesus, e os inexpressivos papéis dos 12 apóstulos. Nem mesmo Giovanna Antonelli salvou a produção, que estava bastante apagada como Maria. Um pequeno destaque para o papel de Judas e Madalena, interpretados por Cláudio Gabriel e Malu Galli.
Talvez o que salve essa fraca produção nacional, sejam as interpretações repaginadas do Diabo, por José Dumont e Herodes por Tonico Pereira.
Programações televisivas à parte, Roma está em luto, pela morte de seu maior representante da fé. A Igreja Católica, como sempre, busca o controle ideológico do máximo de fiés possível e para tanto, se utiliza de boas estratégias de persuassão.
Há poucos dias da Páscoa, data mais do que representativa para os católicos apostólicos romanos, a Igreja lança seu novo "pacote pecados capitas" jogando no mercado mais 4 pecados. Em tempos em que se fala de manipulação genética, e dos avanços tecnológicos, a Igreja busca mais uma vez se adequar à sociedade da forma que mais lhe convém e resolve promover mais quatro itens à lista dos pecados dignos de expurgação da Igreja: a manipulação genética, o uso de drogas, a desigualdade social e a poluição ambiental.
Há pouco tempo, Bento XVI proclamava a repulsa e proibição dos fiés do uso da camisinha, com a velha justificativa de "sexo por procriação e não por prazer pecaminoso e libidinagem" em abril de 2006, curiosamente, próximo ao mês Santo de Março. Agora, o Papa ataca de defensor do meio ambiente, e pela vida como Deus a criou.
Ok. Todos os católicos ficam-lhe muito gratos por essa iniciativa Pontíficie, mas ao que me consta, a Igreja, só evolui muito convinientemente, onde e até onde lhe interessa.Não bastasse os outros 7 pecados (Gula,Luxúria,Avareza,Ira,Soberba,Vaidade,Preguiça) ainda temos mais 4 para nos preocupar em não cometer.
Mas agora, façamos uma breve análise dos 7 pecados expurgados pela Igreja Católica:
Gula. Sabe-se que o período em que a Igreja Católica era mais forte na sociedade também fora a época das pestes e epidemias nas villas e feudos senhorias. Sim, o período da Idade Feudal, a Igreja Católica controlava acima inclusive do prório Rei a economia e a sociedade. Controlando a economia, detinha através da arrecadação dos Tostões de Pedro, boa parte da contribuição "voluntária" dos camponeses.Ora, quem detinha dinehiro e a maior parte das terras naquela época, não passava por grandes nessecidades básicas, enquanto o povo morria com a falta de higiene e fome, a Igreja era sustentada em cima da miséria de sues fiés crédulos e subervientes.
Luxúria. Proibídos de exercerem seu instinto básico ( na psicologia está junto ao ato de comer, e falar), o sexo era considerado "tentação do demônio". Como já mencionei anteriormente os canônicos detinham a maior parte das riquezas e alimentos na Idade Média, portanto, a troca de alimentos por favores sexuais era bastante comum entre os fiés e os "homens santos". Como podemos ver em filmes que retratam esse período como "O Poço e Pêndulo" de Roger Corman de 1991, que retrata bem a situação degradante a que eram submetidos os camponeses daquela época, vemos que a "luxúria" era muito praticada entre os padres e cônegos...
Avareza. Diante do quadro exposto anteriormente, dispensa qualquer comentário.Mas para não dizer que não falei das flores, era costume dos padres, darem imensos banquetes nos dias de festa do calendário cristão enquanto a população passava fome, fora dos mosteiros e santuários católicos...
Ira. Esse deveria ser um capítulo á perte de minha análise dos Pecados que a Santa Madre Igreja Católica cometeu para com a imagem e semelhanta de Deus. Todo mundo que estudou história no Ensino Médio, certamente estudou a: Idade Média. Também deve-se ter estudado a Reforma Religiosa e a Contra-Reforma Religiosa, promovida por alguns pensadores que discordavam ferrenhamente das posições e atitudes dos cônegos da época. A Contra-Reforma Religiosa tomou forma quando a Igreja Católica estava mais frágil e perdia fiés para as Igrejas Protestantes, tendo seu início através de Matinho Lutero. Receosa de perder mais fiés para as idéias revolucionárias de Lutero ( que chegou a dar gratuitamente as indulgências, ou o perdão divino, de forma a mostrar que o perdão, só Deus poderia conceder, e não documentos de papel como pregava a Igreja Católica), a Igreja lança a Santa Inquisição que viria como uma forma de punir àqueles "subversivos da palavra de Deus" e contra a Instituição Catolica.Para tanto, se utilizava largamente de castigos corporais exemplares para justificar suas atitudes, como queimar os pés dos fiés com brasa quente, afogamento chinês, esquartejamento em praça pública com a técnica do atrelamento aos arreios dos cavalos além das corriqueiras decaptações. Isso sim é um belo exemplo de intolerância e ira! Você pode até dizer que isso já faz milênios, e que a população se não já esqueceu, simplesmente perdoou a Igreja, mas agora ela se utiliza de outros métodos para conseguir suas punições exemplares, desde expulsões e excumungações, até vetar shows, como fez o pontíficie Bento XVI com Daniela Mercury, após essa ter declarado publicamente ser a favor do uso da camisinha.
Soberba. Nada mais soberbo que uma atitude como essa do Papa Bento XVI, ao cancelar o show de uma católica declarada, como a artista Daniela Mercury, não?
Vaidade. Me reposto novamente aos tempos áureos da Igreja.Ela detinha a maior parte da riqueza do mundo na Idade Média. As jóias e aparições dos cônecos sempre foram regadas a muito ouro, pedras preciosas e coroas ornamentadas de brilhantes...
Preguiça. "Uns foram feitos para rezar, outros para lutar e outros para trabalhar"... nada melhor do que nos manter no relativo conforto permitido nas Igrejas Medievais, rezando, enquanto temos quem nos defenda e quem produza tudo aquilo que nós consumimos... Que maravilha!
Sobre os outros 4 novos pecados, confesso que concordo no repúdio de 3 deles: o uso de drogas, a desigualdade social e a polução ambiental. Concordo também que 2 deles são questões sociais , e que a Igreja bem que poderia fazer alguma coisa para ajudar nesse sentido, pois ainda é uma das instituições que tem mais força no cenário mundial durante décadas.
Vou ficando por aqui, e deixo-lhes com essa pequena reflexão à cerca do que seria realmente pecado (ou não), enquanto ceiam em mesas fartas de bom bacalhau, vinho francês e ovos de chocolate para as crianças.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Crime e Castigo aos bárbaros


Crime e Castigo aos Bárbaros

Interessante como a disputa pelo IBOPE tem deixado as emissoras sedentas. Na última sexta feira, eu estava sentada em frente ao meu computador, e me deparei com o Reportér Espetacular da Rede Record.
Confesso que tenho preferido muito mais os programas da referida emissora, às manipulações e imbecilidades do Xatô de Jô Soares.
A reportagem carro chefe de todo o programa, foi a barbárie que acontece aos animais em testes laboratoriais. Com imagens fortes, e um texto carregado, foram quase 40 minutos, do que eu chamo de terror psicológico. O repórter Celso Freitas, narra de forma sóbria os horrores que acontecem à esses seres.
Um dos casos que mais me chocou, foi o filhote de macaco que foi retirado de sua progenitora com poucos meses para testes de percepção de cegos. O bicho media pouco mais que 20 cm de altura e teve suas pálpebras costuradas para a realização dos testes. A reportagem entrevistou especialistas da área de biologia (Sérgio Greif, biólogo) e medicina, e entre os entrevistados, foi quase unânime, a opinião que os testes com animais não são mais necessários na academia, " isso que os teste têm que ser com os animais foi um mito criado há muito tempo atrás (...) e que até hoje ninguém questionou", afirma Greif. Mas, por ter sido uma prática realizada durante anos, ela não foi extinguida.
Um relato que me chamou atenção foi o da dentista (Mariah Giraldine) que, afirmou achar ainda necessário o uso de cobaias, mas só em testes de novos medicamentos e, desde que se eliminassem os excessos. Talvez ela não tenha um cachorro em casa.
A reportagem continua, mostrando os mal tratos de formas variadas contra os animais, desde os testes laboratoriais até o treinamento de circo e rinhas de cachorros pit-bulls.
O programa, fez um link espetacular ( salve os trocadilhos =] ) entre os 3 tipos de barbárie cometidas contra bichos , pelos homens. Confesso, que não consegui assití-lo até o final, pois o sentimento de revolta, pena, impotência e estômago embrulhado não me permitiram ficar mais, à frente da televisão.Então, o apresentador, Celso Freitas, nos convida a refletir, sobre que espécie de sentimentos motivam homens a torturar e divertirem-se ao ver o sofrimentos dos cachorros nas rinhas, ou a falta de sentimentos, com os maus tratos no treinamento de animais de circo, ou até mesmo, a falta de consciência ambiental nos testes laboratoriais.
Na opinião do psiquiatra forense, Guido Palomba "pessoas que maltratam animais, são insensíveis, perversas, que não têm sentimentos superiores de piedade e normalmente são conhecidas como sociopátas, psicopatas, condutopátas. Normalmente, quando praticam crimes, e são julgadas, são de difícil recuperação."
Não é preciso ser um especialista, para saber que, é minimamente estranho,que pessoas que vejam 2 animais se degladiando, submetidos a um alto nível de stress e violência, pudesse causar algum dano à sociedade. Não comparando homens e cachorros, mas quem não se apieda desses seres indefesos que estão à mercê dos bons ou maus tratos recebidos pelo seu dono, não pode ser considerado um ser que tenha compaixão.